15 Resoluções de Moda Sustentável para 2021:
1. Consome menos. Porque tudo começa aqui: compra menos roupa, tem mais atenção aos teus hábitos de consumo, coloca mais cabeça e menos emoção no ato de comprar.
2. Cria uma lista de lojas em segunda-mão na tua zona. Por vezes, caímos nos velhos hábitos de compra por uma questão de conveniência, por isso, há que trazer essa mesma conveniência para os hábitos que queremos agora adotar.
3. Aprende a costurar. Porquê sustentável? Porque com pequenas noções de costura, consegues fazer as alterações que a tua roupa precisa, aventurar-te em projetos de upcycling ou fazer DIYs.
4. Implementa o hábito de pesquisar informação sobre uma marca antes de comprares algo dela. Recentemente, fiz entrevistas sobre o tema da moda sustentável a alguns de vocês e um dos entrevistados disse-me algo que ficou comigo "se a Zara abrisse hoje, muito menos gente ia lá comprar, porque agora somos educados a ir pesquisar informação sobre a loja antes de lá entrarmos".
5. Faz uma triagem no teu armário entre cada estação. Quanto menos temos, menos sentimos que temos de ter. Faz sentido? Não? Então experimenta e logo verás.
6. Desafia-te a usar cada peça do teu armário das mais variadas maneiras possíveis. Podes ir criando desafios ao longo do ano, através de mini armários cápsula, por exemplo, que te irão obrigar a quebrar a monotonia da repetição de conjuntos.
7. Substitui as encomendas online por comércio local, sempre que conseguires. Mais uma vez, a questão da conveniência, eu sei. Contudo, basta mudar a perspetiva e refletir sobre o que, na verdade, é a escolha mais acertada.
8. Rodeia-te de conteúdo que incentive os teus novos hábitos. Será que ver regularmente hauls de fast fashion vai ajudar a que consigas cumprir os teus objetivos de moda sustentável?
9. Aprende a ler etiquetas. Conhece os materiais, a sua composição, e o que significa, na verdade, um "made in Bangladesh".
10. Cuida melhor das roupas que já possuis. Porque roupas amadas e cuidadas duram muito mais.
11. Cria uma conta de Instagram para seguires closet sales e lojas sustentáveis. Não digo para o fazeres na tua conta principal se isso se tornar num estímulo para consumir mais do que precisas. Contudo, se tiveres uma conta separada, poderás dirigir-te a ela sempre que precisares de algo, aumentando assim a conveniência de comprar sustentável e em segunda-mão.
12. Descobre propósitos para roupas estragadas, em vez de as deitares para o lixo. Já o disse várias vezes e volto a repetir: roupa para o lixo só mesmo em último caso!
13. Cria e mantém atualizado um glossário de termos mais específicos no teu computador. Sempre que encontrares um termo que desconheces, aponta-o, pesquisa o seu significado e guarda para futuras dúvidas. Aos poucos, vais ficando mais familiarizado/a com os conceitos.
14. Retira a tua subscrição das newsletters de lojas de fast fashion. Longe da vista, longe do coração - não é assim que se diz?
15. Partilha a informação que vais aprendendo com amigos e família. Porque se uma ação individual tem impacto, imagina quando esta se torna numa ação conjunta.
Aqui estão 15 ideias de resoluções, mas podia colocar muito mais. Adequa estas frases gerais aos pontos específicos do teu dia-a-dia, para que seja mais fácil inserires estes novos hábitos na tua rotina.
xoxo,
M.
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E que tal juntarmos dois dos meus temas favoritos numa só publicação? Moda e Natal são as palavras-chave de hoje, já que vos trago algumas sugestões de outfits para arrasar na melhor noite e dia do ano. Como sei que as preferências do tipo de conjunto a usar nesta época variam bastante, dividi este post em várias categorias, sendo que podem ir diretamente para aquela que descreve o vosso Natal. Gostes de te vestir de forma mais elegante ou confortável, haverá ideias para todos os estilos!
Cozy Christmas
A primeira secção é para aqueles que gostam de estar bem confortáveis tanto na noite como no dia de Natal. Se o teu uniforme natalício costuma pautar-se por um bom fato de treino ou um pijama, então é nesta secção que te deves inspirar.
Ugly Christmas Sweaters
A tradição de usar uma daquelas camisolas *lindas* de Natal é comum em muitas famílias um pouco por todo o mundo, por isso, não podia deixar de dedicar uma secção a elas. Apesar de serem conhecidas como "ugly sweaters", nada diz que não possas criar um outfit lindo com esta peça. Não acreditas? Vê estas sugestões!
Fancy Christmas
Esta é a minha secção, como já devem imaginar. Nos meus Natais, gosto sempre de vestir algo mais elegante como um vestido ou um macacão e os saltos altos costumam ser indispensáveis (principalmente no dia de Natal). Mesmo em casa, sinto que os dias especiais merecem conjuntos igualmente especiais!
Casual Christmas
Com o intuito de encontrar um meio termo entre o pijama e o vestido, chegámos à categoria do casual christmas. Aqui, vale um bocadinho de tudo, no entanto, há sempre forma de tornar looks simples em algo mais natalício... Podem brincar com as cores, com a maquilhagem, com os acessórios - é só preciso alguma imaginação e criatividade (ou, então, ver as inspirações que aqui vos deixo!).
Eu já vos contei em que categoria me insiro, agora faltam vocês... Que Natal vão viver? Independentemente do outfit, espero que seja repleto de alegria, diversão e muito amor.
xoxo,
M.
Está quase a fazer um ano desde que comecei esta minha jornada pela sustentabilidade na indústria da moda. Tenho de dizer que tem sido uma caminhada bastante interessante, ao ponto de um momento de curiosidade pelo tema ter-se transformado no meu principal assunto de trabalho, não só na faculdade, mas também no meu cantinho do digital. Um ano depois, sinto que já vos consigo dar algumas dicas sobre a criação de um armário sustentável e é exatamente isso que venho partilhar convosco na publicação de hoje. Espero que seja uma publicação tão útil para vocês como teria sido para mim quando iniciei esta mudança na minha vida.
Construção de um Armário Sustentável 101:
1. Não caias no erro de começar por deitar tudo fora - as peças mais sustentáveis são aquelas que tens no teu armário, independentemente de onde e como as compraste.
Vejo muita gente a pensar que, para ter um armário sustentável, tem de se livrar, por exemplo, de todas as peças de fast fashion que alguma vez comprou. Mas isto é mentira! Não só não faz sentido deitares para o lixo roupa que adoras, como também essas peças de que te ias livrar teriam de ser substituído por algo novo, que gastaria mais recursos desnecessários. Começa sempre com o que tens e inicia a tua jornada a partir daí.
2. Contudo, se tiveres demasiadas peças, podes (e deves) fazer uma triagem.
Foi assim que eu comecei, por isso só faz sentido incluir este passo aqui. Muitas vezes, nós sentimos necessidade de ter um armário mais sustentável porque este nos começa a assoberbar, e é aí que sabemos que temos de reduzir. Nesta triagem, podes incluir várias categorias:
- Peças para dar um novo propósito: por exemplo, aquela t-shirt branca que está cheia de manchas, mas que pode ser sempre utilizada como um pano de limpeza. Atenção: uma peça de roupa só deve ir parar ao lixo mesmo em último caso (quanto mais o conseguirem evitar, melhor).
- Peças para doar/vender: peças que estão em boas condições, mas que já não gostas ou não te servem e, por isso, podem ser doadas ou vendidas.
- Peças para transformar: seja porque umas calças precisam de ser apertadas ou porque uma camisola ficava melhor sem as mangas, há sempre peças que usaríamos muito mais vezes se fossem personalizadas; por isso, junta um saco para levar a uma costureira.
- Peças para ficar: as peças que vais manter no teu armário.
3. Construir um armário sustentável é algo que precisa de muito tempo e paciência, pois apenas virá com as escolhas que precisas de fazer após iniciares a mudança.
Estou neste percurso há quase um ano, como vos disse, e, neste momento, apenas 20% do meu armário deve poder ser considerado como "sustentável". E porquê? Em primeiro lugar, porque reduzi muito as vezes que faço compras e, por isso mesmo, não tenho tantas vezes a possibilidade de trazer peças novas (que representam os meu novos valores) para o meu armário. No entanto, esses 20% advêm de todas as vezes que, ao longo deste ano, tive a possibilidade de fazer uma escolha. No fundo, este é um caminho que é para ser vivido - a sustentabilidade é algo que se vai construindo e a ideia de uma "meta final" é irreal, pois há sempre algo que podíamos melhorar.
4. Quando precisas de comprar uma peça nova, procura inicialmente se esta pode ser encontrada em segunda mão ou através de um projeto de upcycling.
A sustentabilidade baseia-se, antes de qualquer coisa, na tentativa de não utilização de novos recursos. Por isso, sempre que necessitamos de algo novo, devemos procurar algo que seja novidade, sim, mas só para nós. Assim, devemos recorrer às várias alternativas em segunda mão que possamos ter ao nosso dispor, ou até à transformação de peças que já temos no nosso armário. Por exemplo, quando a tendência dos coletes começou a aparecer, em vez de comprar uma peça nova, eu optei por transformar uma camisola simples que já tinha no meu armário - mas que não usava - num colete, que agora uso semanalmente.
5. Apenas se não encontras o que procuras com as soluções acima referidas, deves fazer as tuas compras em lojas com uma produção ética e sustentável.
Quando o ponto 4. não consegue ser realizado, então passa-se para a segunda melhor opção: as lojas sustentáveis. Aqui, podemos optar por marcas mais pequenas, como marcas mais ligadas à nossa cidade, ou então cadeias de maior produção, tendo sempre a confirmação de que a marca é efetivamente aquilo que diz ser (ninguém quer cair em greenwashing).
E é seguindo estes passos que se vai construindo um armário sustentável. Como disse, é um processo lento, e não podemos esperar atingir a meta final no dia a seguir a tomarmos a decisão de iniciar esta jornada - na verdade, não há uma meta final, pois existirá sempre uma forma de fazermos algo mais pelo nosso Planeta.
xoxo,
M.
Como este ano não escrevi (ainda) uma carta ao Pai Natal, decidi terminar o meu guia de prendas sustentáveis com a minha própria wishlist. E, atenção, aqui irei deixar-vos todos os meus desejos, sendo eles concretizáveis ou não - porque obviamente ninguém me vai comprar um par de botas de 500€, disso eu tenho a certeza. Nem tudo o que aqui está presente refere-se a marcas conhecidas pela sua sustentabilidade, contudo, achei importante referi-lo na mesma pois são coisas que realmente fazem falta no meu dia a dia e que, por isso mesmo, são sustentáveis para mim, pois irei planeio usá-las até à última gota. Por isso, Pai Natal, se tens por aí 500€ que não precisas, faz o favor de passar diretamente para o ponto 10... Para os restantes, podem começar pelo início.
Christmas Wishlist:
1. Sutiã de Algodão Orgânico, Organic Basics: Já há muito tempo que quero experimentar esta marca, principalmente devido aos seus materiais, e acho que 2021 vai ser o ano. Não só estamos todos a precisar de um conforto extra, como a minha gaveta da roupa interior ainda não sofreu a ronda da sustentabilidade que precisa.
2. Gilet Gaspard, Sézane: Sou uma eterna fã visual das malhas da Sézane - e digo visual porque, bem, ainda não tenho nenhuma. Contudo, acho que vou começar a poupar umas moedinhas se o Pai Natal escolher não me colocar esta peça debaixo da árvore.
3. Deadwood Debbie Biker Jacket: Já falei várias vezes de como gostava de investir num bom casaco de cabedal - algo que fosse simultaneamente sustentável e duradouro. Apesar de saber que essa combinação é difícil de obter, gostava de dar uma oportunidade à pele reciclada que a Deadwood produz... E este modelo é dos meus favoritos!
4. Champô Sólido, Mind The Trash: Uma das coisas que ainda não substituí por uma versão mais sustentável são os produtos da minha rotina de banho. Espero em 2021 mudar isso, e nada melhor para começar do que um champô sólido de uma das marcas portuguesas que mais admiro.
5. Aeroccino, Nespresso: Sustentável? Talvez não, mas estou ansiosa por experimentar este acessório que tenho a certeza que irá tornar os meus pequenos-almoços muito mais deliciosos.
6. Jarra Maria Branca, Clay Factory Shop: Estou de olho nesta menina (literalmente) há mais tempo do que vos consigo dizer. Aliás, já falei dela numa outra publicação desta rubrica, por isso imaginem como ela simplesmente não me sai do pensamento!
7. Vasos O Cactuu: Eu podia ter especificado, eu sei, mas quero todos! E, já agora, também quero uma casa maior para ter espaço para todos os vasos que estou a pedir nesta wishlist.
8. Mini Bia Earrings, Cinco Store: Uma das principais coisas que pedi ao Pai Natal *cof cof* à minha mãe *cof cof* foram uns brincos simples e delicados que pudesse usar diariamente. Estes são uma boa opção, mas admito que em acessórios não sou nada esquisita.
9. Capa de Mármore MacBook, Amazon: Troquei de computador este ano e, pela primeira vez, tenho um MacBook nas minhas mãos. Não sei que raio de fantasia é que eu criei, mas sempre imaginei que, no dia em que comprasse um computador da Apple, teria de ter uma daquelas capas lindas de mármore... Por isso, bem, aqui estamos!
10. Betty Rain Boots, Chloé: Acreditam no amor à primeira vista? Eu sim, porque foi isso que aconteceu quando vi estas galochas de uma marca tão acessível que provavelmente perdurará na minha wishlist para o resto da minha vida. Sonhar não custa!
E aqui está a minha lista de desejos de Natal para 2020. Admito que já se começa a tornar num verdadeiro clássico e é sempre muito divertido partilhar os meus gostos convosco todos os anos. E vocês? O que pediram ao Pai Natal este ano?
xoxo,
M.
Vivemos numa era especialmente impactada por movimentos políticos e sociais. Desde a (re)emergência do movimento #BlackLivesMatter até às eleições norte-americanas, ninguém consegue ficar indiferente a estes eventos, muito menos as marcas. Há uns meses, discutimos na publicação "Deve a moda intervir na política?" os vários motivos pelos quais uma marca deve ou não escolher um lado relativamente a causas que ultrapassam a indústria da moda em si. Aí, chegámos à conclusão que o consumidor procura cada vez mais ver as suas marcas favoritas a defenderem os seus valores económicos, políticos, sociais, ambientais... Mas também vimos as consequências disso.
Desde então, um novo conceito tem soado nas minhas redes sociais e, após alguma pesquisa, penso que finalmente consegui reunir a informação suficiente para vos falar dele. Wokewashing. Já alguém ouviu falar? Se estão dentro dos conceitos da sustentabilidade na indústria da moda, então este nome deve automaticamente associar-se ao conceito de greenwashing - um termo utilizado para descrever marcas, coleções, produtos ou campanhas publicitárias que afirmam ser sustentáveis mas que, na realidade, não o são (ou pelo menos não dão provas disso). Para saber mais sobre greenwashing, podem ler o artigo que deixo aqui. E, na verdade, ambos os conceitos acabam por ter uma raíz semelhante.
O que é "wokewashing"?
Resumidamente, este conceito aplica-se às marcas e empresas que revelam, por exemplo, nas suas redes sociais ou campanhas publicitárias, apoio a causas sociais que, na realidade, não defendem (pelo menos tão fortemente) dentro das suas próprias organizações. Tal como no greenwashing, o seu principal objetivo é utilizar estas causas sociais (que atualmente são bastante defendidas em sociedade) para chegar aos consumidores que se sentem próximos destas questões, ou até pelos que procuram nas marcas uma reflexão dos seus próprios valores. Ou seja, no fundo, é quando as causas sociais são utilizadas como forma de Marketing.
Exemplos de "wokewashing":
Há vários exemplos desta prática, nomeadamente ao nível das campanhas publicitárias que foram realizadas durante os eventos relacionados com as práticas racistas da polícia norte-americana. O caso mais polémico foi o da marca norte-americana Reformation (uma marca de moda sustentável) cujas práticas racistas dentro da organização foram expostas por funcionários, enquanto esta, nas redes sociais, fazia publicações de apoio ao movimento #BlackLivesMatter. Obviamente que a hipocrisia já é suficiente pela situação em si, mas não nos esqueçamos que os consumidores de uma marca sustentável geralmente estão ligados a outras causas sociais dentro das quais o combate ao racismo faz parte. Daí a problemática ter ganho um alcance mediático tão grande.
Outro exemplo (mais antigo) que me ressalta à cabeça está relacionado com as lojas de fast fashion que lançaram t-shirts com mensagens feministas. "We should all be feminists" e outras frases semelhantes foram impressas em simples camisolas brancas e milhões de peças foram vendidas um pouco por todo o mundo. Porquê wokewashing? Porque muito provavelmente as mesmas t-shirts que envergavam mensagens relacionadas com o empoderamento feminino haviam sido produzidas por mulheres em países mais pobres onde a desigualdade salarial é alarmante e onde estas acabam por estar sujeitas a violência e abuso sexual nos seus locais de trabalho. Onde está o feminismo presente na organização que o defende? Não está. Estava apenas nas t-shirts, porque sabiam que essas iriam ser uma verdadeira fonte de lucro.
Como não ser vítima de "wokewashing":
Infelizmente, hoje em dia é bastante difícil sabermos se uma empresa cumpre ou não os mesmos valores que defende nas suas redes sociais. Na verdade, a maioria das empresas não é transparente face ao que se passa dentro da própria organização, sendo muitas vezes as suas práticas negativas denunciadas por antigos funcionários, chegando ao público muito mais tarde do que deviam. Contudo, existem sempre atitudes que devemos ter face às campanhas publicitárias que diariamente nos chegam.
- Questiona tudo. Não tomes a informação que te é dada automaticamente como verdadeira simplesmente porque a empresa em questão é uma multinacional de renome - por vezes essas são as que mais escondem dentro das suas corporações.
- Faz a tua própria pesquisa. Utiliza os motores de busca ou outras ferramentas para ires além das informações que as marcas te dão. Existem partilhas de antigos funcionários? Existe alguma organização externa que comprova as práticas que as marcas dizem que defendem?
- Compara os anúncios "tendência" aos anúncios regulares. Quando a temática #BlackLivesMatter estava em voga, vimos o proliferar de pessoas negras e de outras etnias em anúncios publicitários e publicações das redes sociais. Contudo, é importante perceber se isso é algo regular para a marca ou se apenas se verificou quando os consumidores estavam a prestar atenção.
- Descobre os valores de uma empresa através da composição da mesma. Se uma marca tem como fundador um homem branco que apenas contrata outros homens brancos, até que ponto estarão estes familiarizados com conceitos como feminismo ou racismo? Contudo, esta informação consegue ser muitas vezes difícil de obter devido à falta de transparências das empresas.
Ao entrarmos em dezembro, quis dar continuidade ao nosso guia de prendas sustentáveis, focando-me agora naquelas que acabam por ter um significado especial. Na verdade, não há nada mais sustentável do que usarmos os materiais que temos por casa para criar prendas personalizadas e que, mesmo que não tenham um custo monetário elevado, são das que revelam o maior custo sentimental. Podia dedicar a publicação de hoje a ideias do Pinterest, mas, tendo em conta que eu não sou a melhor pessoa para vos aconselhar na área das artes manuais, decidi dar-vos DIYs diferentes. Estas são ideias simples, fáceis de fazer, que precisam de poucos materiais, mas onde não conseguem não deixar um bocadinho do vosso coração.
1. Jarro de Bolachas
- Dificuldade: 2/5
- Custo: €
Haverá alguma prenda mais doce do que um jarro de bolachas caseiras? E sim, o trocadilho foi intencional. Quando falamos de prendas homemade, é sempre de bolachas que me lembro primeiro, principalmente no Natal onde os bonecos de gengibre têm tendência a invadir o nosso forno. Aproveita e utiliza uma jarra de vidro reutilizada (podes ir guardando sempre que acabas um produto), para a decorares e se tornar na prenda mais personalizada possível.
2. Algodões desmaquilhantes reutilizáveis
- Dificuldade: 4/5
- Custo: €
Coloquei este DIY perto da dificuldade máxima, mas isso serve apenas para quem quiser fazer uma versão profissional desta prenda. Se queres oferecer algo útil e que ajude outros a percorrer um caminho mais eco-friendly, então esta é a melhor opção. Para criares estes algodões, basta escolher um tecido suave que tenhas aí por casa - pode ser uma camisola antiga, uma toalha que já não uses... Basta ser um material que não seja muito agressivo na pele. A partir desse tecido, corta alguns círculos e, se for necessário, para dar maior grossura, cola ou cose dois círculos juntos. Para os profissionais ou os que têm acesso a uma máquina de costura, podem tornar as extremidades mais suaves cosendo uma fita de cetim fina à volta dos algodões desmaquilhantes.
3. Livro de fotografias
- Dificuldade: 2/5
- Custo: €€
4. História personalizada
- Dificuldade: 1/5
- Custo: €
Gosto muito de fazer este tipo de prendas para crianças e sinto que elas também o valorizam. Esta é, talvez, a prenda mais simples e pode não custar um único cêntimo. Consiste apenas em escrever uma história (podem inventar ou adaptar a uma já existente) e personalizá-la com os traços característicos à pessoa para quem estão a escrever - nome, idade, local onde vive, gostos, sonhos, etc. Se escrever não é bem o teu forte, também existem marcas que personalizam os seus próprios livros com o nome que escolheres... Também é uma boa opção!
5. Kit de cinema
- Dificuldade: 2/5
- Custo: €€
Na verdade, menti quando vos disse que não ia simplesmente deixar aqui ideias do Pinterest... Ou, pelo menos, nesta ideia tenho de admitir que, a primeira vez que a fiz, foi numa fotografia dessa mesma rede social que me inspirei. Para fazerem o vosso kit de cinema, basta reutilizarem uma caixa de cartão que tenham aí por casa (e que podem personalizar ao vosso gosto) e colocarem lá dentro todas as coisas que associam a uma ida ao cinema: pipocas, guloseimas, refrigerantes... e um bilhete, com a hora e o título do filme que sugerem ver!
Estas são cinco ideias simples de como podem tornar pequenos materiais que tenham aí por casa em DIYs que dá gosto colocar debaixo da árvore de Natal. Por isso, agora só falta dizer uma coisa: mãos à obra!
xoxo,
M.
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Qual a Opção Mais Sustentável? Fibras Naturais vs. Fibras Sintéticas Recicladas
No mundo da sustentabilidade da indústria da moda, são várias as questões que, até ao dia de hoje, continuam sem ter uma resposta clara. A que vamos discutir hoje é uma delas. No fundo, quero desde já avisar o leitor que chegará ao final desta publicação sem uma resposta final única e objetiva - são várias as respostas que podemos adotar face à questão que coloco hoje. Mas, afinal, o que é mais sustentável: fibras naturais ou materiais sintéticos reciclados?
Vamos começar por definir os dois conceitos e dar exemplos, para que, na vida real, toda esta questão abstrata seja mais fácil de aplicar. Quando falamos de fibras naturais, refiro-me a materiais utilizados na indústria da moda que o planeta Terra nos dá. São aqueles que podemos cultivar, são aqueles que os animais nos trazem, são aqueles que, tal como o nome indica, têm origem na Natureza. Os exemplos mais comuns deste tipo de fibras são o algodão, o linho, a seda e a lã. Contrariamente, as fibras sintéticas são aquelas que são produzidas ou manipuladas pelos seres humanos. O caso mais comum é o do poliéster que, apesar de ser uma fibra muito utilizada para a criação de peças de vestuário, tem o petróleo como o seu componente principal (só não me perguntem como é transformado, porque essa área já vai muito para além do meu domínio).
Se tivéssemos de comparar estas duas categorias - natural e sintético - seria fácil hierarquizá-las de acordo com a sustentabilidade. Tudo o que vem da Natureza é, claramente, mais amigo do ambiente. No entanto, na era onde tudo é possível, vimos uma nova categoria ascender: falo-vos das fibras sintéticas recicladas. Tal como as fibras sintéticas que falei anteriormente, a versão reciclada é produzida ou manipulada a partir da nossa tecnologia, contudo, a sua base é nada mais nada menos do que fibras sintéticas antigas. Ou seja, não há nenhum recurso novo no ciclo - a partir de fibras sintéticas antigas, são criadas fibras novas.
E agora, já sabemos qual é a opção mais sustentável? Talvez vos tenha baralhado... E é compreensível, pois nem eu sei dar uma resposta concreta a esta perguntas. Contudo, consigo analisar vantagens e desvantagens, por isso vamos passar a essa fase.
Vantagens da fibras naturais:
- São biodegradáveis, ou seja, quando deixamos de utilizar uma peça composta por fibras naturais, a sua decomposição é mais rápida e menos "estranha" ao meio ambiente.
- Há a possibilidade de serem produzidas (quase) sem químicos adicionados - como é o caso do algodão orgânico (contudo, é preciso salientar que uma produção normal de algodão necessita de uma grande quantidade de produtos químicos extremamente poluentes).
- Necessitam de bastantes recursos para serem produzidos (água, solo, etc.).
- Os componentes animais, como as peles, os pelos e, por exemplo, a seda, estão muitas vezes associados a técnicas de violência animal.
- Há menos recursos a entrar na cadeia de produção, tendo em conta que são utilizados materiais que já estavam previamente em circulação.
- Podem estar relacionadas com o conceito de zero waste (desperdício zero) ou ajudam a solucionar outros problemas de poluição, como é o caso do PEP - poliéster feito com plástico retirado dos oceanos.
- Não são biodegradáveis e, por isso, no fim da sua utilização durarão séculos num aterro;
- O seu processo de transformação pode estar associado à utilização intensa de químicos e tem um custo extremamente elevado (as peças de materiais reciclados serão logicamente mais caras que uma peça de algodão orgânico, por exemplo).
- É muito difícil atualmente fazer uma peça 100% em material reciclado, sendo muitas vezes feita uma mistura com outras fibras, como o algodão orgânico. Contudo, quando isto é feito, torna a peça extremamente difícil de reciclar e deixa de ser biodegradável.
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Guia de Prendas Sustentáveis #2 | Pop-up Store Digital ModaLisboa
Hoje em dia, a moda pertence, em grande parte, ao digital. É no digital que a indústria consegue o seu maior alcance, é no digital que os criadores se dão a conhecer e, acima de tudo, é no digital que temos vindo a realizar o ato da compra. E, na verdade, parece que em Portugal esta transição tem demorado um pouco mais do que o devido. Nunca vos tinha falado de designers de autor portugueses, pois sabia que uma grande parte não é de acesso facilitado devido precisamente a tudo isto: à fraca presença nos meios digitais. Assim, conseguem imaginar a minha felicidade quando percebi que a ModaLisboa havia criado uma pop-up store digital com algumas das peças dos criadores portugueses.
Faço-vos várias perguntas pelo Instagram (se ainda não conhecem, podem ver aqui), e aproveitei para vos questionar sobre se gostariam de ver uma publicação dedicada a esta loja digital temporária. Como estamos aqui, podem adivinhar que recebi um grande e gordo sim da vossa parte. E, por isso, decidi reunir as minhas peças favoritas para esta segunda versão do gift guide sustentável.
Mas, antes disso, algumas curiosidades:
A ModaLisboa foi o primeiro evento português a reunir vários criadores para desfilar no mesmo espaço. A primeira edição realizou-se em 1991 e, a partir daí, nunca mais parou. Curiosamente, entre 2007 e 2010, a ModaLisboa mudou-se para outro concelho, Cascais, e aí denominava-se ModaLisboa - Estoril. Foi quando voltou para a capital que (re)iniciou o concurso de jovens designers (Sangue Novo) que continua a ter lugar nos dias de hoje, tendo já impulsionado o trabalho de muitos designers portugueses. Durante a ModaLisboa, costumam-se realizar diversas iniciativas, entre as quais a Wonder Room - uma pop-up store física que reúne diversas marcas portuguesas para além das que desfilam nos calendários do evento. O que vos vou apresentar hoje é, na verdade, a versão digital e natalícia dessa mesma iniciativa.
Wonder Room Wishlist
Facto adquirido: para uma peça ter um preço baixo, o seu custo de produção tem de ser baixo também, certo? Certo. Mas será esse baixo custo de produção um "sacrifício" para a marca, no sentido de tentar democratizar a moda ao mais alto nível e fazê-la chegar ao maior número de pessoas? Era isso que me faltava descobrir. Felizmente, numa das minhas recentes aulas de Mestrado, deparei-me com um breakdown dos custos de produção de uma camisola que havia sido produzida para uma das tão conhecidas marcas de fast fashion. Tal como eu já sabia, o custo de produção, nomeadamente ao nível da mão-de-obra humana, demonstrava ser um "fardo" ridiculamente baixo, tal como os materiais, que, como já seria de esperar, eram de custo reduzido. O que eu não sabia, contudo, é que mais de metade do preço final da peça se transformava em lucro puro e duro para a marca. Sim, mesmo para uma marca cujo objetivo principal é tornar o preço no fator mais aliciante para o consumidor.
Foi no meio desta descoberta que um pensamento (extremamente) utópico me pairou pela cabeça. Se as marcas de fast fashion conseguem ter uma grande margem de lucro, mesmo possibilitando preços reduzidos, porque não reduzem estas essa margem, aumentando o custo de produção, para tornar os seus produtos mais sustentáveis? Pobre Mariana, que pensamento tão tonto.
Surpreendentemente, vou recorrer a duas teorias das relações internacionais (para quem caiu aqui de paraquedas, esta foi a minha licenciatura e tenho de fazer algum uso dela) para explicar esta dicotomia que é tão oposta na indústria da moda como a guerra e a paz são na política. Realismo e idealismo - alguma vez ouviram falar? Mesmo que não, pelos nomes podem depreender o sentido. O realismo é uma teoria que, no fundo, mantém os pés bem assentes na terra, enquanto o idealismo é o mundo dos sonhadores, dos utópicos, da Alice no país das maravilhas. Comecemos pelo negativo, mas real, para depois acabar numa nota mais otimista, que de coisas más tem estado o Céu cheio.
O realismo na indústria da moda foi aquilo que me fez, à partida, entender que o pensamento que superficialmente havia pairado pela minha cabeça era completamente descabido. Ou será descabido na cabeça daqueles que efetivamente têm algum poder de mudança. Na realidade, diminuir os custos de produção das peças sempre teve como derradeiro objetivo obter a maior margem de lucro possível, independentemente das consequências que adviessem disso. A mudança para a produção em países em desenvolvimento, ou a partir de materiais sintéticos, foi conscientemente provocada e até vários modelos de negócio acabaram por nascer devido às vantagens que esta nova forma de produção trazia. Claro que também possibilitou que uma maior amplitude de classes tivesse acesso à indústria da moda, ao consumo, ao prazer de comprar, mas isso não justifica o porquê de marcas de luxo trocarem um "made in Italy" por um "made in China". Isso, apenas uma coisa o justifica: a sede por lucro.
Agora, tornemo-nos idealistas, sonhadores, e enchamos o coração de esperança. Lucro e sustentabilidade parecem ser uma dicotomia incontornável, sim, pois o aumento do custo de produção que advém de uma cadeia que respeita o planeta e as pessoas não permite margens de lucro demasiado elevadas. Contudo, temos assistido a uma proliferação de marcas, seja da indústria da moda ou para além disso, que se prezam pelos valores base da sustentabilidade em todos os pontos da sua cadeia de produção. Esses negócios sobrevivem sim, mas, acima de tudo, existem, prosperam e ganham cada vez mais terreno no mercado. E como o fazem? Não veem o lucro como a sua única prioridade. Seria hipócrita da minha parte dizer que o lucro não importa, porque importa; todos sabemos que vivemos numa sociedade onde o dinheiro tem um imenso significado que nos hierarquiza e define. Mas não é a única coisa que importa. Também importam as pessoas, estejam elas nos bastidores da marca ou na loja enquanto consumidores. Também importa o ambiente, porque nenhum lucro é realmente verdadeiro se um dia tivermos de pagar pelos estragos que fizemos. Também importa o equilíbrio, a bondade, o papel social que uma marca tem e que vai muito para além do ideal de ser uma "máquina de fazer dinheiro".
Apesar disso, continuo a acreditar que lucro e sustentabilidade são, infelizmente, opostos. Não quer dizer que não se possam complementar; contudo, um terá de ser sempre superior ao outro para que uma marca possa definir o seu rumo na indústria. E enquanto a sede por lucro for superior, a indústria não mudará (apesar do idealista dentro de mim acreditar que o gatilho de uma grande mudança já foi ativado).
xoxo,
M.
Para começarmos a preparar a época natalícia e porque este ano devemos adiantar-nos na compra das prendas, decidi criar um guia de prendas sustentáveis que trarei em diferentes fases. Hoje, falamos de marcas portuguesas. Mas prometo que não ficaremos por aqui. Com a vossa ajuda, reuni um conjunto de lojas das mais diferentes categorias, que podem encontrar online ou, em alguns casos, em espaços físicos, e que revelarão as prendas perfeitas para oferecerem às pessoas que mais amam.
Sustainable Christmas Gifts Guide
#1 Marcas Portuguesas
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quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Moda Unissexo ou Masculinização da Moda? | Uma História sobre Género e Moda
Recentemente, tive a oportunidade de abordar no meu Mestrado o conceito de género associado à moda e, na verdade, aprendi tanta coisa que para além de ter escrito um trabalho de dez páginas, ainda ficaram palavras para me dirigir a vocês. E, por isso mesmo, hoje vamos esclarecer diversos conceitos que eu própria tenho confundido, de forma não intencional como seria de esperar, nos textos que vos escrevo. Hoje, falamos de moda e género... E de uma moda que luta por se destacar das limitações que tantas vezes socialmente nos são impostas. Falamos da moda unissexo, da moda sem género, das diferenças, das semelhanças e do que ainda falta fazer na indústria. Vamos a isso? Sinto que a minha escrita vai ser longa.
Comecemos por distinguir, logo à partida, dois conceitos que parecem ser tantas vezes usados como sinónimos quando, na verdade, não o são. Sexo e género. O primeiro, tão difícil de pronunciar que parece que evitamos a palavra a todo o custo, refere-se ao corpo e à sua constituição, refere-se à anatomia que nos foi concedida no momento da nossa criação (porque sim, quando falamos de bebés, as revelações não são de género, mas sim de sexo). O segundo, já mais usual de ouvir, refere-se a um conceito socialmente construído e que se baseia em premissas previamente definidas para os dois sexos. Para facilitar a distinção, ninguém pode afirmar que uma pessoa é do sexo feminino por estar a usar um vestido rosa - esse pré-conceito não é fruto da biologia, mas sim de uma construção social.
E qual é o papel da moda em tudo isto? Bem, desde sempre que a moda tem feito a sua escolha na identificação por identidade de género. A moda tanto pode ajudar à perpetuação de ideias e dogmas sociais, como tem o poder de romper com eles. Foi isso que aconteceu quando os primeiros conceitos associados a uma moda sem género começaram a dar frutos entre os designers japoneses dos anos 80. Aqui, começou-se a falar de uma moda que não divide, que não separa, que não distingue e que, no fundo, liberta. Mas não, este não é bem o começo da história. Durante séculos e séculos temos assistido a uma aproximação lenta a este conceito. É impossível falar de moda e género sem falar dos saltos altos que Louis XIV, o rei-sol, usava na sua corte. É impossível falar de moda e género sem falar da primeira vez que uma mulher vestiu calças. É impossível falar de moda e género sem falar da quantidade de vezes que o sexo feminino quebrou barreiras em busca da maior liberdade que a roupa masculina lhe poderia dar.
Sim, moda masculina. Comecemos agora por aí. Costumo definir a ideia de género com a ajuda de uma simples analogia: quando nascemos, existem duas caixas - cada uma destinada a um dos dois géneros commumente referidos - e nós somos colocados numa delas. Dentro de cada caixa existe um mundo de oportunidades que guiará o nosso caminho a vários níveis, desde aquilo com que brincamos a que papel iremos ter no nosso seio familiar do futuro. Quando a moda começou a evitar a separação de género, uma das caixas desapareceu. Agora já não existiam duas caixas, mas sim uma: a caixa unissexo (e perdoem o criador deste conceito, pois claramente este não sabia que a caixa se deveria chamar uni-género para que o termo estivesse verdadeiramente correto). Ora, o que é que acontece quando os dois géneros são colocados num único espaço, servindo as mesmas oportunidades e destinos? A moda apenas imita a sociedade e, tal como na segunda, um género prevaleceu sobre o outro. As coleções unissexo, na verdade, vieram trazer à indústria um fenómeno que lentamente já se havia infiltrado na mesma - a masculinização da moda.
Pessoalmente, não me considero contra o conceito de unissexo, mas sinto que este apenas veio resolver uma parte do problema: já é socialmente aceitável ver alguém do sexo feminino com calças azuis, mas quando será igualmente aceitável ver alguém do sexo masculino com um vestido cor de rosa? Infelizmente, estas coleções ainda não nos trouxeram isso e, por esse motivo, um novo conceito na moda tinha de emergir. E aqui finalmente chegamos ao ponto onde eu tanto queria chegar: moda sem género. Para explicar este conceito, vamos novamente recorrer à analogia das caixas. Se o unissexo veio proceder a uma junção das duas caixas, o que a moda sem género veio fazer foi destruí-las. Aqui, a indústria perde os dogmas e os preconceitos, perde as restrições e as divisões, mas, acima de tudo, ganha liberdade. Liberdade para vestirmos o que queremos vestir. Liberdade para sermos quem queremos ser. Liberdade para irmos além da caixa que foi construída à nossa volta no momento em que nascemos. Liberdade. E que palavra tão bonita.
xoxo,
M.
Temporadas frias são sinónimo de casacos. Casacos porque precisamos de algo que nos mantenha quentes, mas também casacos porque não há peça mais stylish do que esta. Na verdade, é até muito comum nas estações de outono/inverno conjugar um look completamente ao calhas e, depois, colocar um casaco por cima que esconda tudo... E voilà, é assim que se fazem outfits de inverno!
Por serem peças tão importantes, nomeadamente para esta altura do ano, são também daquelas que merecem um bom investimento antes de entrar no nosso armário. Ao optar pelo casaco certo, estamos a garantir que compramos algo duradouro, que irá viver anos e anos junto de nós e, simultaneamente, algo que nos entusiasma e que nos dá vontade de vestir todos os dias. No entanto, como todos os investimentos, este é algo que deve ser previamente ponderado. E para facilitar esse processo, decidi reunir os quatro tipos de casaco intemporais, onde tenho a certeza de que um investimento nunca irá ser desperdiçado. Vamos conhecê-los?
1. Gabardine || Trench coat
Não deve ser surpresa nenhuma para ninguém ver esta peça no topo da minha lista, pois, na minha opinião, não há look mais outonal do que aquele que é terminado com uma gabardine. Talvez a característica que deva destacar seja a sua impermeabilidade, no entanto, não consigo deixar de admitir que foi a sua elegância que me conquistou. Um look de gabardine é, automaticamente, um look elegante (e ainda estamos protegidos da chuva!).
2. Biker jacket de cabedal || Leather jacket
Outro clássico (porque esta lista mais devia ser chamada de "The Classics: Coats Edition") e que, apesar de polémico devido ao seu material, não deixa de integrar o armário de muitos de nós. Ora, para um casaco de cabedal durar muitos e muitos anos no nosso armário, é mesmo sobre o material que devemos falar. Infelizmente, as opções de cabedal artificial ainda não são capazes de resistir ao teste do tempo; no entanto, isso não significa que não hajam opções sustentáveis a este material. Desde pele vegan a pele reciclada, há todo um mundo que podemos explorar.
3. Casaco comprido || Long coat
Sem querer especificar demasiado, tinha de incluir uma categoria associada única e simplesmente aos casacos compridos, pois são talvez os meus favoritos de toda esta lista. Relativamente ao material, aqui é um pouco cada um por si. Desde lã a fazenda, passando pelos casacos mais impermeáveis, escolhe o que melhor se adequa às tuas necessidades. No entanto, caso estejas sem ideias, aqui ficam algumas sugestões...
4. Casaco de pelo falso || Faux fur coat
Mesmo estando a falar de investimentos, iria contra os meus valores aconselhar-vos a comprar um casaco de pelo verdadeiro. Assim sendo, e tendo em mente que o pelo artificial é dos melhores materiais sintéticos que podemos comprar nos dias de hoje (dado que esta substituição já é desenvolvida, pela maioria das marcas, há uns bons anos), reuni várias opções nesse sentido. Agora, relativamente ao casaco em si, é também um verdadeiro clássico da estação e, entre toda a lista, talvez a que mais aquece os nossos corações. És uma friorenta mas que não quer abdicar do seu estilo? Faux fur is the answer.
Qual o tipo de casaco que vai merecer o teu investimento este outono/inverno? Preferindo qualidade a quantidade, vamos pouco a pouco construindo um armário intemporal e que, no fundo, acaba por ficar mais barato do que se comprarmos o mesmo tipo de peças todos os anos.
xoxo,
M.
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